Homilia proferida por Dom Bernardo Bonovitz por ocasião da celebração em ação de Graças pelos 25 anos de missão das Irmãs Servas da Imaculada Conceição da Virgem Maria em Campo do Tenente
IRMÃS SERVAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM MARIA
Comunidade Edmundo Bojanovski em Campo do Tenente/PR
Jubileu de Parta – 13de abril de 2013
Dom Bernardo Bonovitz
É muito raro escutar esta passagem sobre São Pedro e o
Ressuscitado proclamada em sua totalidade na liturgia (Jo 21, 1 -17). Mais
comum é dividi-la em 2 leituras: Pedro e a pesca milagrosa e Pedro e a sua
comissão apostólica.
Mas esta noite temos o “Pedro inteiro”: Pescador e
Pastor, uma única identidade, considerada de dois ângulos.
O que precisa fazer um pescador tal como Pedro?
Apanhar, captar, cativar. Sim, ele tem que atrair peixes para dentro das redes
e levá-las a Cristo. Como fazer com eu os peixes (estamos falando de peixes
humanos) queiram entrar na rede do Senhor? Evidentemente, anunciando a sua
palavra, mas anunciando-a não somente verbalmente, anunciando-a pela beleza, a
fraternidade, o charme até da própria vida. O pescador realmente precisa
“cativar” os seus peixes, porque peixes humanos são livres e não entrarão na
rede contra a vontade.
Já vemos alguns traços das Irmãs por cujo ministério
estamos dando graças ao Senhor. Estou aqui a 17 anos (8 a menos que as Irmãs),
mas já testemunhei um desfile das Servas de Maria em Campo do Tenente. Cada uma
é uma: uma mais doce, outra mais salgada, outra mais óleo e vinagre, mas todas
comunicam a mesma alegria do Evangelho. Todas são pessoas profundamente
marcadas pelo Evangelho – Servas de Maria, sim, mas melhor ainda, irmãs de
Jesus. Algo da personalidade de Jesus brilha no rosto e na pessoa de todas
elas, e isto as torna (nas palavras de São Bento) “aptas para ganhar almas”,
aptas para conduzir as pessoas a Cristo. Elas cativam, mas não para si e sim,
para seu Mestre.
Pescador e Pastor. O que faz um Pastor? É Jesus que
diz: “Apascenta minhas ovelhas”. Não basta atrair as pessoas para Cristo e sua
Comunidade, a Igreja e depois dizer para elas: “Deem um jeito, cuidem de suas
vidas”. Estas pessoas trazidas a Cristo (e toda a pessoas de fato) precisam de
cuidados fraternos: saúde, educação, aconselhamento, instrução, ajuda na
emergência. Aqui a semelhança de Pedro com as nossas Irmãs fica mais clara
ainda. Quantas vezes a nossa comunidade monástica tem experimentado a
disponibilidade e generosidade das Servas de Maria e 99% das vezes um
maravilhoso sorriso. E acho que vocês têm mais experiências do que nós. Muitos
de vocês interagem com as Irmãs várias vezes por semana e são “apascentados”,
“atendidos”, “servidos”. Servas de Maria, sim; mas nossas servas também e de
bom grado. Uma delas até deu aula de canto para os nossos jovens durante vários
anos.
Perto do fim deste trecho do Evangelho é o realmente
central, a pergunta e a resposta que significam tudo: “Tu me amas?” “Sim,
Senhor, tu sabes que te amo”. Este é o segredo e o dinamismo de nossas Irmãs.
Se elas estão na barca, pescando pesoas, é porque amam a Cristo; se elas estão
na terra, servindo as necessidades do povo, é porque amam a Cristo. Elas gostam
de nós, sem dúvida. Mas o grande amor da vida delas não é a gente: é o Cristo.
E isto absolutamente certo, porque elas são consagradas: consagradas a Ele pela
mediação de sua santíssima Mãe.
Se eu tivesse uma única queixa a respeito delas, é que
cada vez que janto lá tema mesma sobremesa: pêssego. Refletindo bem, talvez
tenha algo simbólico: em italiano, língua da igreja, pêssego é “pesca”. Quem
sabe se elas não pretendem dizer algo sobre sua identidade de pesca-doras? Mas
neste caso, dá para esperar que a próxima vez haverá um cordeiro assado.
Que Jesus nos guarde na sua alegria pascal e que a
presença e o ministério de nossas Irmãs sempre façam parte, sempre aumentem
esta alegria. Amém.
Dom Bernardo Bonovitz
Abadia Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo
Campo do Tenente/PR
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